sexta-feira, agosto 05, 2005

ATMOS "Headcleaner"

Entre 1998 e 2000, o psy-trance viveu a sua fase científica de procura de novos caminhos pelo método de tentativa e erro. Depois de toda a herança de Goa se ter expandido e desenvolvido até à exaustão - na música com a utilização de samples étnicos e de refrães melódicos, na ideologia com a exploração neo-mística de fundamentos filosóficos, na estética com o excesso de motivos religiosos - o tempo obrigava a ir em direcção a outras latitudes. Assim o exigiam novas gerações de público mais ligadas a uma experiência urbana e menos afectas a uma vivência de trópicos, como a advogada pela geração anterior à sua, muito ligada à cultura Goa.
Neste contexto, revelavam-se no campo mais experimental e psicadélico a editora australiana Psy-Harmonics, que encontrava afinidade na finlandesa Surreal Audio e em projectos como Kiwa e Texas Fagot; o breakbeat entrava em trance através de Metal Spark, Joujouka ou Nick Taylor; na Escandinávia nasciam uns tais Logic Bomb ou Hux Flux a apoiar-se em música mais rápida, um gesto também seguido pelos israelitas Infected Mushroom ou pelos holandeses GMS.
Tentando incorporar o trance em estruturas de música de club, como house ou techno, formava-se em Hamburgo o off-beat trance, como a subida em flecha da procura de DJ's como Philipp, Mahasuka ou Laureth, editoras como Plastic Park perpetuavam uma construção de música progressiva centrasa num groove firme como ditava o projecto X-Dream e, mais a norte, na Dinamarca, despontava a Iboga de DJ Emok; na Suécia, os Son Kite lançavam as bases para abordagens minimais e na Inglaterra a Flying Rhino adaptava-se a novos campos de exploração das normas psy-trance.

O tempo era de movimentações, de trespassar limites e obter respostas. Mas tal como tudo o que pretende mudar, há um lado tradicionalista, apegado ao passado, e o lado pró-activo, atento ao exterior, que partilhava duas convicções: não se deveria perder uma atmosfera alternativa e não se poderia conceder muito território aos ditames comerciais. Foi então que veio Atmos: primeiro, com o single "Klein Uber Doctor" (editodo pela Flying Rhino); depois com o álbum "Headcleaner", que, sem romper na totalidade com o passado, conseguia ser suficientemente apelativo para o público ortodoxo, que lhe reconhecia a profundidade e a magia emocional dos fundamentos trance e para a facção inovadora que via no álbum de estreia de Atmos a possibilidade de inserir mais elementos na música sem o primado da velocidade vertiginosa nem excessos de ornamentação. "Heacleaner" foi também uma das portas de entrada de mais público, de angariar mais visibilidade sobre o movimento e foi a prova de que os fundamentos do psy-trance poderiam ser entendidos poe um público mais vasto, mas não comercial.

SPIRAL TRAXX , 2000

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